sexta-feira, 18 de maio de 2007

Vereador prof. Luis Carlos responde pergunta sobre fidelidade partidária

A pergunta feita pelo Ponto contra Ponto (O Poti, 20/05/2007) ao vereador foi a seguinte:
O político que troca de partido deve perder o mandato?

A resposta do professor e vereador Luís Carlos logo abaixo.

Não deve perder o mandato, pois da maneira que estão estruturados os partidos, como se fossem propriedade desse ou de outro dono, com presidentes vitalícios etc, a fidelidade partidária está ameaçada pela ditadura partidária.

Entrando no mérito da questão: veja o caso do presidente Lula, que quando eleito pela primeira vez chamou para comandar o Banco Central do Brasil um Deputado Federal recém eleito pelo PSDB paulista, no caso, Henrique Meireles. Quem foi infiel? A senadora Eloísa Helena? A grande parte dos fundadores do Partido dos Trabalhadores que saíram em bloco ou foram expulsos do partido? E o Estatuto do Partido que pregava uma política econômica totalmente diferente da executada pelo Presidente?

No nosso caso junto ao Partido Verde, que ajudamos a construir, passando de seiscentos votos nas eleições de 2.000 a quase quarenta mil votos em 2004, quando fomos eleitos eu e Júlio Protázio. Para nossa surpresa o presidente municipal do PV declara apoio para prefeito ao candidato Luiz Almir no segundo turno, em detrimento de Carlos Eduardo, que apoiamos no primeiro turno, iniciando assim uma situação difícil dentro do partido.

Como explicar a mudança de rumo? O que dizer das Atas registradas no Tribunal Regional Eleitoral confirmando apoio do PV ao atual prefeito? O que dizer aos eleitores que fizeram dois vereadores para o partido que apoiava Carlos Eduardo? Quem foi o infiel naquele momento? O que poderia fazer, se há três meses eu caminhava de casa em casa junto a meus eleitores pedindo o voto para Carlos Eduardo? O que dizer quando o presidente estadual do Partido Verde, na época Rivaldo Fernandes, dava entrevistas dizendo que eu fui apoiado por empreiteiros e não era ambientalista? O que dizer do Partido Verde convidar para seu quadro vereadores que votaram a favor da construção numa Zona de Proteção Ambiental (Lagoinha)?

Hoje o Partido Verde tem uma nova diretoria, estando mais maduro, mas naquela época eu tive que optar pela saída.

Portanto é necessária a abertura dos partidos para que o filiado, com mandato ou não, possa participar e ter voz na executiva do partido, interferindo nas decisões, concorrendo ou apoiando seu candidato nas eleições diretas do partido. Assim o partido se torna transparente para que a sociedade civil organizada possa participar diretamente de todo o processo eleitoral, conhecendo detalhes da prestação de contas, do fundo partidário, enfim, tomando ciência do que é e como está sendo gerido o partido.

A polêmica criada em torno da fidelidade partidária visa encobrir outros pontos mais importantes para a sociedade, que levariam à reforma política necessária ao país, onde se discutiria, por exemplo, a lista fechada que conduz a eleição e só privilegia os familiares e próximos dos dirigentes partidários, excluindo nomes importantes, com mais experiência, ou mesmo nomes novos e mais capacitados, que poderiam contribuir melhor com a resolução dos nossos graves problemas sociais. Atualmente a estrutura do partido fere o processo democrático de escolha de presidente e tende a levar seu afiliado a se afastar no momento em que rumo do partido passa a refletir apenas as decisões pessoais de seu dirigente.

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